A semana passada foi muito especial para a Física devido à descoberta de uma partícula que supõe-se ser o Bóson de Higgs. Mas algo muito importante para a Cosmologia também aconteceu: a equipe de astrônomos liderados por Jörg P. Dietrich conseguiu, pela primeira vez, imagear a matéria escura no céu.
A imagem ao lado é o resultado da pesquisa, mostrando filamentos de matéria escura em volta de duas galáxias (Abell 222 e Abell 223) na constelação da Baleia.
O universo como nós observamos tem um comportamento muito diferente daquele previsto pelo que está visível para nós: aparentemente ele é muito mais massivo do que aquilo que percebemos. A explicação mais aceita atualmente é que 98% da massa do universo é composta de matéria escura, que não podemos enxergar devido a sua baixíssima densidade.
Após o Big Bang, as regiões do universo que eram ligeiramente mais massivas atrairam matéria escura para as suas redondezas, que eventualmente acumulou-se e foi achatada. Segundo Jörg Dietrich, “Onde essas ‘panquecas’ se intersectam, você tem longos cordões de matéria escura, ou filamentos.”
O filamento estudado nesta pesquisa não foi escolhido ao acaso: a maior parte de sua massa se encontra na mesma direção da linha de visão dos observadores da Terra, tornando a imagem de matéria escura suficientemente densa para ser observada. As imagens foram obtidas em raio-X pela nave XMM-Newton.
O time de pesquisadores calculou que menos de 9% da massa dos filamentos pode ser composta de gás quente. Além disso, estimativas computacionais mostram que aproximadamente 10% da massa se deve a galáxias e estrelas visíveis. Conclui-se então que a maior parte dos filamentos imageados é matéria escura. No entanto, ainda são necessárias muitas pesquisas e observações para determinar o exato comportamento e interação entre a matéria escura e a matéria visível.
O telescópio espacial japonês Astro-H (raio-X), programado para lançamento em 2014, a missão espacial Euclid, programada para 2019, e estudos no LHC (Grande Colisor de Hádrons, no CERN), juntos poderão nos ajudar a entender melhor a matéria escura.
Via: Revista Nature